Contar a história da ferrovia, que faz parte do patrimônio local, é o objetivo da iniciativa
Para preservar a memória ferroviária, que faz parte do patrimônio material e imaterial de diversos municípios, e também criar espaços para que as novas gerações conheçam a história da ferrovia, a VLI – administradora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) –, em parceria com a AIC – Agência de Iniciativas Cidadãs e a administração municipal de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, inaugura na próxima terça-feira (25), às 10h, o Estação de Memórias Bernardo Monteiro, em Contagem, cidade que está no Corredor Leste da FCA. A exposição, que terá visitação gratuita, está instalada na Estação de Bernardo Monteiro, localizada na rua Desembargador Luciano Souza Lima, 59, bairro Bela Vista.
O Programa Estação de Memórias registra e difunde as memórias das pessoas sobre o passado, a partir de um processo de cocriação com as comunidades. Encontros e entrevistas identificam casos, lembranças e histórias de quem vivenciou o vai e vem dos trens. Esse conteúdo é transformado em espaços expositivos, montados na estação.
A gerente de Responsabilidade Social da VLI, Maria Clara Fernandes, ressalta que, ao resgatar e preservar a memória ferroviária, a companhia reforça o conceito de que, para pensar no futuro, é preciso valorizar o passado. “Preservar as histórias para a presente e futuras gerações faz parte do compromisso da companhia de deixar legado e compartilhar valor com a sociedade. A VLI se orgulha de estar em Contagem, bem como por fazer parte da história do município, profundamente entrelaçada à atividade ferroviária”, destaca.
História
A Estação de Memórias de Bernardo Monteiro é um espaço expositivo dedicado à memória ferroviária de Contagem. O objetivo é contar as histórias que rodeiam a ferrovia desde a inauguração da estação, então chamada Lagoa Seca, em 1910. A vocação agrária de Contagem antes da chegada do trem, as múltiplas fases de urbanização da cidade, o trabalho dos ferroviários e a vida cultural no entorno da Estação de Bernardo Monteiro são alguns dos temas abordados.
Para contar todas essas memórias ferroviárias, a expografia é composta por linha do tempo, jogo da memória, personagens inspirados em figuras locais, entrevistas em vídeo, objetos históricos, telégrafo de brinquedo, entre outros elementos. Ela conta ainda sobre o cenário rural de Contagem antes da chegada dos trilhos e sobre a influência da estrada de ferro nas transformações das dinâmicas locais. Algumas particularidades da história da ferrovia na cidade ganham destaque, como o intenso movimento dos trens de subúrbio, as cargas que preenchiam os vagões e a vida social no entorno da estação, com a famosa Casa dos Cacos, o clube de futebol Granja Adélia, a Capela Imaculada Conceição e a banda de música Liverpool.
A pesquisa em Contagem incluiu a identificação de 90 fotografias, além de 18 objetos e documentos históricos. Ao todo, foram realizadas 13 entrevistas em áudio e quatro oficinas colaborativas, que contaram com a participação de quase 40 voluntários.
Segundo a coordenadora técnica do programa pela AIC, Gislaine Gonçalves, a ferrovia promoveu uma intensa transformação econômica, política e social na região. “A estação ali construída tornou-se um ponto de referência para seus moradores. Muitas são as lembranças daqueles que, cotidianamente, pegavam o trem de subúrbio, levavam seus produtos para vender ou estavam apenas de passagem. Registrar e difundir essas memórias é importante, pois, por meio delas, vários elementos da cultura local se fazem presentes”, frisa.
Balanço
Nos últimos anos, a VLI investiu mais de R$ 14 milhões na preservação da memória ferroviária. Em 2023, a companhia investiu mais de R$ 2,4 milhões no resgate da memória ferroviária, com um conjunto de ações de fortalecimento dos acervos de estações ferroviárias de importância histórica e de promoção da cultura das comunidades. Para este ano de 2024, serão investidos mais R$ 2,4 milhões no projeto. O investimento é realizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Em 2022, o programa chegou a Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a Cachoeira, na Bahia. Além das estações inauguradas no ano passado em Carmo do Cajuru e Divinópolis, no Centro-Oeste Mineiro; Uberaba, Campos Altos, Araguari, no Triângulo Mineiro; Três Rios, no Rio de Janeiro. Neste ano, além de Contagem, São João del-Rei e Tiradentes, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais, o projeto está previsto para ser implantado em Formiga, Mateus Leme, Pedro Leopoldo e Santa Luzia, na RMBH, em Itaúna, no Centro-Oeste Mineiro, e Aguaí, em São Paulo.